Pular para o conteúdo principal

Postagens

Destaques

VINTE E QUATRO HORAS DE PENITÊNCIA (OU O CANTO À RESSACA MORAL)

E vieram as horas gordas da noite, o festim dos bêbados — línguas soltas, dentes sujos de riso, o pântano da indulgência sorvendo cada gesto. Ali, a consciência se vendeu barato, merceeira de si mesmo, moedas de orgulho trocadas por migalhas de bebedeira. Besteira colossal, erguida como um monumento de latas amassadas, um altar ao nada — as mãos erguendo copos, as bocas jorrando promessas que morrem antes da aurora. O Super-Eu — o velho cobrador de dívidas — surge ao amanhecer, com seus livros-caixa e dedos ossudos, apontando, enumerando: culpa, falha, decadência. Com ele vem a moral — visita tardia — descalça, cuspindo regras no chão sujo, seu hálito é vinagre e sermão, seu vestido manchado de desprezo. O mal-estar veste o corpo como um sobretudo molhado, infiltra-se nos ossos, faz da alma um cômodo abafado onde a vergonha escorre pelas paredes. Mas o tempo — esse usuário paciente — em vinte e quatro horas lava a lama do chão, a culpa evapora, leve como um suspiro de moribundo, e sobr...

Últimas postagens

ANATOMIA DO MENINO ESCONDIDO

UM ENSAIO SOBRE OS AFETOS (OU QUE SOBROU DA MINHA SESSÃO DE ANÁLISE DE HOJE)

UMA FOTO PERDIDA

NO JARDIM DOS SONHOS

VAQUEIRO VEGANO NO VELHO OESTE

OS PISTOLEIROS QUE ESQUECERAM AS BALAS

UM CINZA SEM MOVIMENTO ALGUM

No entardecer, uma leve brisa

Cana-de-açúcar

Alguma evidência de algo invisível