UM CINZA SEM MOVIMENTO ALGUM

Um cinza sem movimento algum, imóvel e sereno, como o silêncio profundo que abraça o mundo em desatino, nas paredes desbotadas e no horizonte sereno, na quietude do tempo que se estende, divino.


As crianças estão enclausuradas em suas casas, vendo da janela as cores do mundo que repousam adormecidas. Brincadeiras silenciadas, risos que não se escutam, o tempo desliza devagar e os sonhos se disfarçam.


Nada se move, nem vento, nem alma errante, tudo repousa em paz, em um instante suspenso. O cinza é como o eco de um suspiro distante, uma paleta de sombras, um silêncio intenso.


Mas nesse cinza há uma beleza sutil, pequenos lampejos de cor, um encanto sereno. É como se a vida estivesse em um limiar frágil, à espera do momento de se revelar, pleno.


Os sonhos, talvez, repousem em seus recantos, como sementes aguardando a primavera. E mesmo no cinza há segredos e encantos, uma promessa de cores que se espera.


O cinza sem movimento algum persiste, como um quadro em branco na parede do tempo. E, na quietude que o abraça, ainda existe a promessa de vida, em cada matiz, em cada momento.


(Eber S. Chaves)


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