Cana-de-açúcar
Houve um tempo em que a morte serviu de consolo ao trabalho e ao cansaço das mãos que suportaram a terra que todos os deuses amaldiçoaram.
A preparação da terra, o plantio, a colheita e o corte; a cana-de-açúcar sendo transportada para a casa da moenda, e depois moída e prensada; o caldo cozido na casa das fornalhas; e o doce da cana-de-açúcar não adoçava vida amarga do homem-escravo importado da África.
A cana-de-açúcar crescia sem nunca atingir a altura de uma árvore, erguendo-se em calamos de sete a oito pés, com uma polegada de espessura. Árvore esponjosa, suculenta e cheia de um miolo doce e branco. Folhas dois côvados de comprimento e flor filamentosa irrigadas com o suor do rosto. Raiz macia e pouco lenhosa crescendo sob a terra esperança manchada pela poça de sangue ancestral.
Da cana saía o açúcar, e dos engenhos e plantações saíam homens e mulheres açoitados e mutilados.
Há quinze gerações o sonho de homens e mulheres livre-arbítrio à espera de uma nova safra se renova.
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